Sustentabilidade NÃO é assunto de gente rica
Amanda Costa é ativista climática, jovem conselheira do Pacto Global da ONU, fundadora do Instituto Perifa Sustentável e apresentadora do #TemClimaParaIsso?, um programa sobre crise climática. Formada em Relações Internacionais, Amanda foi reconhecida como #Under30 na revista Forbes, TEDx Speaker, LinkedIn Top Voices e Creator e em 2021 foi vice-curadora do Global Shapers, a comunidade de jovens do Fórum Econômico Mundial.
Fala minha lindeza climática, turopommm? :)
Você que é uma gata sustentável (ou pelo menos está no processo para se tornar rs), com certeza já escutou a frase: “sustentabilidade é coisa de gente ryca”. Calma, respira e não pira, saiba que você não está sozinha nessa aflição! Quando comecei a me engajar na pauta, fui atravessada pelo mesmo pensamento: sustentabilidade é assunto para a galera good vibes abraçadora de árvores, que decidiu morar numa ecovila, fala #gratiluz e não come carne porque deseja salvar os animaizinhos.
Se você também já pensou nisso, vem cá, chega pertinho e me dá um abraço. Agora repita comigo: SUSTENTABILIDADE NÃO É COISA DE GENTE RYCA!
Vejo pouca gente falando, mas a real é que a sustentabilidade possui três pilares: ambiental, social e econômico, sendo traduzida como a política que “diminui as desigualdades sociais, fomenta uma economia inclusiva e é ambientalmente responsável”. Isso significa que esse debate envolve uma visão sistêmica do mundo, trazendo aquelas famosas siglas para a prática: DI - Diversidade e Inclusão, ESG - Environmental Social Governance (Governança socioambiental), ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Mas antes que você saia correndo por conta dessa sopa de letrinhas, deixa eu te contar uma parada: a sustentabilidade não precisa ser um rolê complexo, ela está no nosso dia-a-dia. Vou te mostrar alguns exemplos:
Pois é, minha querida leitora! Essas atitudes são meeeega sustentáveis e ajudam a criar uma economia circular, pois aproveitam com mais eficiência os recursos naturais e otimizam os nosso produtos.
Na minha opinião, sustentabilidade não tem nada a ver com almoçar naquele restaurante vegano caríssimo ou comprar aquela marca “eco-friendly” que custa mais que o meu rim. Muito pelo contrário: ser sustentável está nas atitudes simples da vida! É repensar gostos, desejos e vontades, entendendo o que faz sentido para você e a partir dessa reflexão, fazer escolhas mais conscientes para o SEU estilo de vida.
Longe de mim entrar numa postura soberba e ditar as regras do jogo, essa reflexão tem que começar em cada uma de nós. O que eu quero com essa conversa é criar um espaço seguro de trocas, questionamentos e compartilhamentos para estimular o pensamento crítico e buscar formas mais acolhedoras, empáticas e cuidadosas tanto para nós quanto para o planeta.
Bora aprofundar esse papo? Dá uma olhadinha na figura abaixo, que eu carinhosamente apelidei de “Um Monte de 💩 e o 🌈”:
[Fonte: Gesturing Towards Decolonial Futures]
Se você não entendeu nada, não tem problema. Chega juntinho que vou te explicar:
“Godofreda* estava se sentindo triste, pois via que o mundo ia de mal a pior: crise climática, guerras, pobreza, fome, desigualdade social… Essa garota estava sentada, literalmente, num montão de 💩. Então um amigo de “Godofreda” a chamou para conhecer um outro lugar, pois ele viu sua dor e queria levá-la para viver longe dessa realidade fedida. Eles partiram rumo ao mundo do 🌈 e mergulharam numa realidade sha-lá-lá… Mas contrariando suas expectativas, eles ainda se sentiam mal… Como poderiam viver no arco-íris se um outro mundo, que estava bem em frente de seus olhos, ainda estava uma pilha de 💩? Então com muita coragem, eles decidiram fazer algo transformador: voltar para lá com o objetivo de limpar (observe a pá na mão da Godofreda no último quadrante, ela é bemmm significativa).
*Nome fictício
Essa não é uma história linda?
A real é que por muito tempo, a sustentabilidade foi vista SIM como assunto de gente ryca. Uma galeeeera good vibes, que percebeu que o consumismo desenfreado estava acabando com o planeta, decidiu fazer algo para mudar. No entanto, se a gente não trazer as discussões de raça, classe e gênero para o centro do debate, todo os esforços serão como o arco-íris da nossa figura.
É muitooooo importante fazer intersecções no debate sobre sustentabilidade, pois cado contrário, o pessoal que ainda não está envolvido com a pauta vai pensar que “Crise climática é coisa de branco rico”. A real é que não temos mais tempo de continuar fomentando esse sistema patriarcal capitalista de supremacia branca, que foi construído em cima de disputa, exclusão e subjugamento da galera preta e indígena.
Precisamos construir uma atuação ambientalista que seja intirsecamente antirracista!
De acordo com Malcom Ferdinand, autor do livro Uma Ecologia Decolonial, o racismo, especialmente o colonialismo e a escravidão, ajudaram a construir um mundo fundamentado na destruição ambiental. Desse modo, questionar os privilégios da branquitude e desenvolver um olhar questionador, é o primeiro passo para que haja uma transformação verdadeira.
Está na hora de arregaçar as mangas e limpar o montão de 💩!
Esse é um trabalho complexo, incômodo e até mesmo fedido, mas eu sei que se você chegou até aqui, é porque está comigo nessa missão. A mudança é coletiva e precisamos de todos, todas e todes engajades nesse rolê.
Respire fundo, coloque sua roupa de #GostosaPeloClima e let’s bora transformar o mundo num lugar realmente inclusivo, colaborativo e sustentável <3
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