“Tempo para mim”: sobre respeitar e reconhecer a potência da nossa TPM

Nicole Gasparini posando com semblante pacífico e lenço enrolado em seus ombros

Prazer! Me chamo Nicole Gasparini e é uma honra ter sido convidada para escrever no blog da Pantys. Sou jornalista especializada em sustentabilidade, escritora (meu primeiro livro nasceu depois de mochilar e voluntariar por seis meses na Ásia) e estou nômade há pouco mais de dois anos (próxima parada: Amazônia). 

Como cidadã do mundo e amante da natureza, não poderia estar mais realizada em conversar com vocês sobre as descobertas que tive nos últimos anos a partir da escuta profunda do meu ciclo menstrual - e de como ele transformou completamente as minhas escolhas de vida. 

Ainda assim, não são poucos os desafios dessa longa jornada de reaproximação com o meu corpo, com a natureza que me habita e com os ciclos que me compõem. Mas é através desse caminho que eu tenho aprendido tanto sobre as várias facetas que me habitam e sobre a relação que estabeleço também com a “natureza fora de mim”. 

Ao compreender e respeitar os meus tempos internos (aquilo que o meu corpo e a minha alma pedem a cada fase do ciclo) me libertei. A cada mês, apesar de desafiador, tem sido prazeroso desbravar as infinitas formas de ocupar o meu próprio espaço no mundo. E são essas descobertas que me mostraram a potência do ciclo menstrual: uma sabedoria tão profunda e, muitas vezes, mal-compreendida. 

“Tempo para mim”

Em 2019, ouvi pela primeira vez uma definição inusitada para a tão temida “TPM”. Aquele monstro que eu havia crescido ouvindo sobre seus terríveis sintomas de repente não parecia tão ruim assim: “Tempo para mim”. Essa era a sugestão que escutei na ocasião para substituir a estereotipada “Tensão pré-menstrual”. 

Aquilo me bagunçou por completo e enquanto movia espaços profundos de crenças e hábitos dentro de mim, tirava pesos de gerações das minhas costas. Afinal, por que sempre tivemos de relacionar a TPM a algo extremamente ruim? Momento em que a nossa autoestima costuma baixar, a irritação e a impaciência tendem a subir, o inchaço cresce e a lista é infinita…

Mas já parou para pensar que muitos desses sintomas apareçam simplesmente por não estarmos respeitando esse momento precioso de profunda conexão com nós mesmas? E que talvez seja o momento mais oportuno para dizer não para os outros e finalmente dizer sim para você? 

Boa parte dessa irritação, do estresse e da raiva que costumamos sentir na TPM aparecem justamente porque não estamos nos permitindo descansar o quanto nosso corpo realmente gostaria. É a fase em que o corpo já está se preparando para sangrar; é a fase em que estamos minguando e deixando ir tudo que não nos serve mais para abrir espaço a uma nova vida que chega junto de nosso sangue, alguns dias depois. É o momento de interiorizar, de nos voltar para dentro e escutar os sussurros da nossa alma que nos levam aos caminhos desenhados pelo nosso coração. 

Agora imagina se neste momento tão poderoso para cultivar reflexões, acolher traumas e inseguranças (tudo aquilo que é difícil de olhar sobre nós mesmas, mas que sabemos ser necessário para curarmos feridas e então deixarmos ir junto ao nosso sangue) a gente estiver acumulando tarefas que nos esgotam? É o que acontece na maioria das vezes. 

É aquela festinha de aniversário que não dizemos não, é aquele negócio do trabalho que podia ser feito no dia seguinte, mas puxamos a barra e queremos resolver no mesmo dia, é aquele compromisso que poderia ser adiado, mas insistimos em realizá-lo. Muitas vezes, para simplesmente agradar alguém. Em muitos desses momentos pode parecer absurdo colocar nosso limite e dizer “não”. Mas também é libertador. Principalmente, durante a TPM. 

Aqui fica a minha sugestão: experimente na sua próxima TPM ser o mais sincera possível com você mesma sobre o que verdadeiramente o seu corpo está te pedindo naquele momento. O que a sua alma deseja fazer? A resposta pode ser sair, encontrar pessoas, terminar algo do trabalho. Mas também pode ser que você esteja precisando de um tempo de acolhimento, um colo que só você mesma pode se dar. Sendo assim, a resposta também pode ser ler um livro, cozinhar algo gostoso, limpar o quarto, dormir mais cedo, meditar, dançar e, novamente, essa lista poderia ser infinita. 

Mas foi praticando o “não” durante a minha TPM que eu trouxe essa poderosa ferramenta para minha vida - mesmo que ainda seja um grande desafio realizá-lo sempre. Precisamos nos lembrar que dizer não para outras pessoas ou situações significa, em muitos momentos, dizer sim para nós: para o nosso bem-estar físico, emocional e mental. Não negocie o que é inegociável para você. 

Entender o que verdadeiramente nosso corpo está nos pedindo durante a TPM é aliviar a irritação, o estresse, a raiva e a impaciência que crescemos achando ser “normal” durante este período. Fazer pausas durante o horário de trabalho, tomar chás ou fechar os olhos e respirar por 2 minutos entre uma reunião e outra fazem toda a diferença no final do dia. E trazem presença para a sua TPM, permitindo que você esteja atenta ao seu corpo, às suas emoções e aos seus desejos. 

Permitir-se chorar também é revolucionário. Deixar transbordar tudo aquilo que está se movendo dentro é libertador. A maioria de nós foi ensinada a reter o choro e isso também é o que muitas vezes nos deixa tão irritadas e explosivas na TPM: a crença de que não é seguro sentir. Muito pelo contrário: é algo muito precioso observar durante a sua TPM o que está te deixando nervosa, sensível, impaciente para então transmutar tudo isso na sua menstruação. Deixar ir com seu sangue para renascer em uma versão melhor. 

Outra prática que eu adoro é a de tomar um “banho-ritual” antes de dormir. Apagar as luzes, acender velas, colocar uma música gostosa, pingar óleo essencial no chuveiro e sentir tudo que estiver vindo. Sem julgamento, despida de dentro para fora. 

Estabelecer uma rotina com mais tempo entre uma atividade e outra é um excelente caminho para desfrutar de uma TPM com menos pressão. Podemos ficar irritadas por estarmos fazendo tudo correndo, sem respeitar o verdadeiro ritmo do nosso corpo. Sabendo disso, estabeleça tarefas mais espaçadas, saia com antecedência de casa, não deixe que os horários te pressionem, crie uma rotina baseada no tempo do seu corpo, dentro do que é possível para você, claro. 

A Pantys inclusive já publicou um texto aqui sobre como sincronizar a sua rotina com as suas fases do ciclo menstrual. Vale a pena a leitura para quem deseja se aprofundar nesse tema. 

Reconhecer e valorizar as minhas mudanças internas me ajuda, diariamente, a aceitar a impermanência do mundo à minha volta. Nossa ciclicidade é potente, é fértil e é transformadora. Lembre-se de que a TPM é seu “Tempo para mim” e só você pode fazer isso por você mesma.



MINI BIO

NICOLE WEY GASPARINI é jornalista, escritora e trabalha como freelancer na área de sustentabilidade e crise climática. É autora do livro “Boon na minha vida - uma jornada pela Ásia” (Bambual Editora) narrado a partir da imersão que realizou durante seis meses para cinco países asiáticos, aos 21 anos. Nos últimos anos, morou em diferentes cidades brasileiras, no Peru e agora se prepara para uma nova jornada na Amazônia paraense. 


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