Será que tudo virou mimimi?
Olá minha lindeza climática da Pantys <3
Se você é uma gata engajada, provavelmente já torceu o nariz e teve que corrigir alguma amiga após escutar uma palavra ou expressão preconceituosa. O mundo está mudando, as lutas das populações negras e indígenas estão furando as bolhas e atingindo cada vez mais pessoas. Desse modo, é importante atualizarmos nosso vocabulário e apoiarmos nossos familiares, amigos e até mesmo aquele crush gatíssimo nessa mesma missão.
Você sabia que a língua portuguesa é o 5º idioma mais falado do mundo?
Nossa língua é linda, ritmada e possui uma sonoridade bem diferentona. Sempre que converso com algum amigo ou parceiro de trabalho que não teve a honra de nascer em terras brasileiras, escuto que o nosso idioma parece uma música gostosa, é super bonito, encantador e até que faz massagem nos ouvidos rs.
Olha, eu sou suspeita de falar, amo muito a minha nação. E o fato de ser apaixonada pelo Brasil, me fez estudar história, investigar minha negritude e ampliar a consciência em relação a formação do nosso país. Muitos livros de história (pelo menos os que eu li quando estava no ensino fundamental e ensino médio), ensinaram que o Brasil foi descoberto pelos portugueses. ISSO É BALELA! Nosso país não foi descoberto, ele foi invadido. Os colonizaores chegaram de maneira violenta, dizimando povos originários e trazendo negros africanos para trabalhar a força. Esse processo violento culminou em morte e escravização, subjugando línguas, costumes e cultura dessas populações.
Apesar de já terem passado mais de 500 anos, esse foi um processo estrutural e estruturante da nossa sociedade, que gerou consequências que perduram até os dias atuais, influenciando nosso modo de agir, pensar e principalmente, nosso modo de falar.
Querida leitora, sustentabilidade não é só usar a sua maravilhosa calcinha absorvente da Pantys, mas sim pensar num tripé: diminuir desigualdades sociais, fomentar uma economia inclusiva e ser ambientalmente responsável. Desse modo, é crucial identificar preconceitos, acabar com os estereótipos e entender oque está por trás da história não contada, para que assim possamos construir um mundo mais inclusivo, colaborativo e sustentável.
Separei algumas palavrinhas e expressões para te apoiar na jornada de descolonização do seu vocabulário. Vamos lá?
-
Indígena ou Indio
Índio, de acordo com o dicionário, é um elemento químico. O termo correto a ser utilizado é indígena, pois se refere a origem, indivíduo pertencente a algum lugar, originário.
-
Escravo ou Escravizado
Hoje em dia não utilizamos mais a palavra escravo e sim escravizado. Escravo determina uma existência, naturalizando o nascimento de um escravo. Muitos africanos em diáspora foram colocados na condição de escravizados, mas lutaram fervorosamente contra isso.
-
Tabajara (como sinônimo de algo falso ou ruim)
Se você é da época do Casseta e Planeta da TV Globo, é provável que lembre-se das Organizações Tabajaras, uma empresa fictícia que trazia soluções extravagantes, geralmente de forma pejorativa. No entanto, Tabajara é o nome de um povo indígena que vive em três estados brasileiros: Piauí, Ceará e Paraíba.
-
Comunidade ou Tribo
O termo "tribo"reduz a diversidade indígena, não considerando os diferentes costumes e linguagens dos mais de 300 povos que vivem no Brasil. Quando se fala em localização de onde vivem os indígenas, o correto é dizer aldeia, comunidade, terra ou território indígena.
-
Mulata/ Da cor do Pecado
A palavra mulata vem de "mula", animal derivado do cruzamento de um burro com uma égua. Esse era o nome que recebiam as filhas bastardas nascidas do estupro de homens brancos senhores de engenho com mulheres negras escravizadas. Já a expressão "da cor do pecado", utilizado erroneamente por pessoas brancas como um elogio, propaga a ideia de sensualidade, encantamento e pecado, atribuindo a culpa da cultura do estupro as mulheres negras por "seduzirem seus senhores e os levarem a cometer adultério".
-
Tupiniquim (como sinônimo de brasileiro)
O termo tupiniquim foi muito utilizado para se referir a algo nacional. Ao invés de dizer "cinema brasileiro", por exemplo, utilizava-se "cinema tupiniquim". Todavia, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), os Tupiniquim são um povo indígena do Espírito Santo com quase 3000 habitantes. O uso desse termo como sinônimo de "ser brasleiro" fomenta uma cultura de apagamento contra um povo que resiste há muitos anos.
-
Muito cacique para pouco-índio
Algumas pessoas utilizam essa expressão quando deseja externalizar um problema de governança, ou seja, quando "há muitas pessoas para mandar e poucas para executar tarefas". Mas se a gente parar e refletir um pouquinho, logo percebemos como essa expressão é preconceituosa e remete aos tempos da colonização! Porque será que sociedades não-indígenas se incomodam tanto com a forma de organização política das comunidades originárias?
Querida leitora, desejo que esses tópicos sejam como sementinhas que caiam no seu coração, germinem e floresçam em pétalas de curiosidade, indignação e também revolta. Ainda existem muitas palavras e expressões que não deveriam ser utilizadas e estão espalhadas por aí. Espero que nossa conversa possa te instigar a romper com narrativas discriminatórias e assim, construir um vocabulário mais acolhedor com povos que, historicamente, foram alvo de um genocídio.
Por fim, lembre-se sempre: se a coisa tá preta, a coisa tá boa!!!
Um beijooo e um xêroooo <3
deixe um comentário