padrão de beleza: mutante, mas sempre ao nosso redor
Quando você percebeu ou te falaram que era preciso se depilar? Quando você começou a fazer as sobrancelhas? Quando você escutou o primeiro comentário dizendo que o seu corpo não estava ok? Essa história do padrão de beleza começa a surgir quando somos muito novinhas e aparece, muitas vezes, infelizmente, em forma de críticas e comentários maldosos.
Já imaginou por que, de repente, ter pelos na perna deixa de ser aceitável? E por que pessoas que muitas vezes não são próximas a nós se sentem no direito de fazer comentários, sinalizando que algo não está certo?
Falar sobre padrões de beleza é tocar em uma ferida muito delicada da sociedade. Isso porque ela envolve diferentes frentes e tem muito a ver com o que se espera da mulher.
O padrão de beleza realmente existe?
Mal acordamos e já estamos dando aquela olhada no feed do Instagram. Não são nem 7 horas da manhã e somos bombardeadas por fotos e stories de pessoas na academia ou comendo um café da manhã super saudável. Nem saímos da cama e tem gente que já está no #odehojetápago.
Se hoje as musas fitness das redes sociais são um dos grandes parâmetros de beleza, nos anos 50, Martha Rocha ganhou o Miss Brasil com um corpo curvilíneo. No padrão de beleza na atualidade, ela seria facilmente reconhecida como uma modelo plus size.
A vez das modelos muito magras também chegou. Com a tendência heroin chic, as peles pálidas e olheiras se tornaram sinônimo de beleza. As supermodelos, como Gisele Bundchen e Naomi Campbell, vieram para substituir a tendência e trouxeram as longas pernas e os bustos fartos pra jogo.
Na Pantys não acreditamos em padrões de beleza. Decidimos fazer essa linha do tempo e falar sobre o assunto pra mostrar que os padrões de beleza ao longo do tempo mudam. Hoje, o corpo sarado, as sobrancelhas e os lábios micropigmentados e o rosto com harmonização facial dominam os feeds, a mídia e as campanhas. No entanto, não precisamos seguir isso, certo?
Expectativas sobre a beleza feminina
Fomos ensinadas a agradar e a nos preocupar com a opinião alheia, a nos comportar de determinada maneira, a nos vestir com roupas específicas, ter um tipo de cabelo e por aí vai.
Quando não seguimos a cartilha, algumas pessoas se sentem no direito de fazer comentários ou brincadeiras sobre nossas características físicas sem ninguém ter pedido uma opinião. Ao longo dos anos, isso vai se internalizando em nós. Passamos a ver como problema algo que nem era uma questão, dando poder a palavras destrutivas.
Bom, nós sabemos que mesmo racionalizando tudo isso, muitas vezes nos pegamos inseguras por não apresentarmos um conjunto de traços que satisfaçam essas expectativas.
Por muito tempo, fomos ensinadas a agir dessa maneira. Quando não somos magras o suficiente ou temos estrias, nos culpamos e seguimos em busca de melhorar a todo custo. Entender essa dinâmica é o primeiro passo para construir uma mudança real e significativa em nossas vidas.
Como as mídias e redes sociais potencializam esse padrão
Se antes os grandes culpados eram os ensaios fotográficos e campanhas publicitárias estampados nas revistas femininas, hoje somos bombardeadas por centenas de imagens. Facebook, Instagram e Pinterest estão aí para mostrar padrões de beleza corporal a todo o momento.
Ou seja, o padrão de beleza imposto pela mídia agora também é encontrado nas redes sociais. Uma das maiores problemáticas desse ambiente é que, mesmo dando preferência para seguir pessoas conhecidas, ainda há uma tentativa constante, por parte de todas nós, de mostrarmos uma existência maravilhosa.
São fotos e mais fotos de pessoas malhando loucamente, sem estrias ou sinais de celulite. E pensamos: por que não eu? Esse momento pode ser o mais perigoso porque gera muitas frustrações.
Tá tudo bem você querer perder uns quilinhos ou seguir um estilo mais saudável, desde que seja uma escolha sua e com acompanhamento médico. E esse é o X da questão. Muitas vezes, queremos alcançar níveis surreais de magreza ou definição que não têm nada a ver com a gente.
Começamos a perseguir uma vida que vemos em nosso feed, mas cujos bastidores não conhecemos. Gastamos nosso salário em procedimentos estéticos, dietas e pra quê? Muitas vezes, apenas para chegar em alguma meta difícil de ser alcançada e que não combina com o nosso estilo de vida e valores pessoais.
E como sair desse ciclo vicioso?
Encarar todos esses fatos não é fácil, nem lidar com a frustração de não se enxergar nessas vidas aparentemente tão incríveis. Contudo, é preciso colocar o pé no chão. Pode ser um pouco difícil e talvez você não consiga se amar de uma hora para outra, será uma longa caminhada, mas gostar de si mesma e do próprio corpo é possível e necessário.
Muitas famosas, como Demi Lovato e Hillary Duff, estão levantando essa bandeira e falando sobre a quebra de expectativa em relação a um padrão de beleza. Como elas fazem isso? Postando fotos com suas celulites e estrias, mostrando que, apesar de a mídia tratar as suas imagens, esse é o corpo real. Novamente, tá tudo bem!
Com isso, pensamos: bom, se elas, que fazem parte do padrão de beleza feminino esperado pela sociedade, estão mostrando corpos reais, por que eu também não posso? Assim, começamos uma pequena revolução.
Mas vamos com calma! Você não precisa postar fotos da mesma forma que elas. Só de olhar no espelho e não se culpar já é um grande avanço, viu? Um passinho de cada vez. Libertar-se do padrão de beleza atual é ser você mesma e se sentir confortável dentro desse corpo.
Vamos começar a mudar esse cenário?
Primeiro ponto: não coloque tanta pressão sobre si mesma. Você não precisa se amar todos os dias e nem tudo precisa estar "mara". Às vezes, queremos tanto mudar que criamos novas imposições a nós mesmas. Por isso, é importante começar esse processo partindo dessa premissa.
Uma dica valiosa e que muitas pessoas passaram a adotar é filtrar melhor quem seguir. Essa pessoa e o conteúdo criado por ela te acrescenta ou te faz sentir mal? Veja como se sente em relação às pessoas que está acompanhado e, para o seu bem, deixe de seguir quem não agrega.
Aposte no autoconhecimento como ferramenta principal para te ajudar nesse processo. Como você se gosta? Já parou para pensar nisso? Com pelos, sem pelos, com mais curvas ou magrinha? E por que você se gosta assim?
Essa última pergunta é especialmente importante para que a gente não caia novamente na armadilha de gostar de algo apenas por ser um padrão estético contemporâneo. Esse é o tipo de coisa que nem sempre racionalizamos, e fazer esse exercício pode te ajudar a se entender melhor.
Se o seu ritmo é acordar mais cedo, correr, voltar para a casa, comer uma tapioca e se arrumar para o trabalho, ótimo. Se você não é fã de uma rotina regrada, gosta da sua alimentação do jeito que ela é, tudo certo também. E se um dia você acordar e quiser mudar tudo, não tem nenhum problema!
Sabemos que estamos falando de um assunto delicado. No entanto, insistimos: escolha cuidar de você, da sua saúde mental e da sua qualidade de vida em primeiro lugar. E vamos nos apoiar nesta caminhada, dando um passo por vez, cada uma no seu ritmo.
Vamos juntas, no agora ou no futuro dizer: Amo meu corpo do jeitinho que ele é.
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