os três pilares da pobreza menstrual

Fotografia de três mulheres, uma na frente da outra em alturas diferentes com itens da Pantys nas mãos. A última da fila segura uma calcinha absorvente

Desinformação, ausência de produtos menstruais e falta de infraestrutura de saneamento são desafios para garantirmos a dignidade menstrual.

"Tô de chico". Por trás dessa afirmação popular, dita por mulheres quando estão menstruadas, há séculos de preconceito e desinformação. "Chico", em português de Portugal, significa porco. Ou seja, a menstruação foi historicamente associada a porcos e sujeira, estigma que perdura até os dias de hoje.

O documentário “Absorvendo o Tabu”, dirigido por Rayka Zehtabchi e vencedor do Oscar de 2019, relata de maneira verdadeira e angustiante a segregação sofrida por indianas por conta de a menstruação ainda ser um tabu. Mulheres são forçadas a abandonar as escolas, perdem o emprego e até mesmo são proibidas de entrarem em templos religiosos por conta do período menstrual.

No entanto, não é preciso cruzar o oceano para observarmos o preconceito relacionado à menstruação. Ainda existe no Brasil mitos segundo os quais mulheres não podem cozinhar ou tocar na comida quando estão menstruadas, ou ter relações sexuais nesse período. Segundo uma pesquisa da marca Sempre Livre, 66% das brasileiras se sentem desconfortáveis e 57% sujas quando menstruam, números bem maiores do que a média dos outros países do estudo, de 50% e 40%, respectivamente.

Outra pesquisa, intitulada “Impacto da Pobreza Menstrual no Brasil”, mostrou que 28% das mulheres já deixaram de ir às aulas por não conseguirem comprar um absorvente. E o pior: metade delas tentaram esconder a verdadeira razão para faltarem à escola, em grande parte por vergonha.

A desinformação, carregada de muito preconceito, é o primeiro dos três pilares que compõem a chamada pobreza menstrual. O segundo deles é a falta de acesso a produtos de higiene no período menstrual, principalmente absorventes. Uma em cada quatro brasileiras entre 15 e 17 anos não têm acesso a esses produtos, realidade que afeta majoritariamente mulheres pobres e negras.

Mas então o que elas fazem quando menstruam? A maioria utiliza papéis higiênicos, mas também são usados panos, algodões, pedaços de jornal e miolos de pão. Esse improviso, além de causar desconforto, traz consigo infecções e outros problemas de saúde, impactando inclusive a fertilidade das mulheres.

O terceiro, e não menos importante, pilar da pobreza menstrual é a falta de infraestrutura de saneamento. De acordo com o IBGE, 213 mil jovens estudam em escolas cujos banheiros não têm condição adequada de uso. Nos seus lares, a situação muitas vezes é a mesma, com quase 20% sem acesso à água em casa. Assim, mesmo se tiverem absorvente, elas não encontram ambiente adequado para o descarte do material e sua higienização.

As consequências da pobreza menstrual impactam a educação, a saúde, a renda e o bem estar de milhões de pessoas, com o aumento da evasão escolar, prejuízos à autoestima e perda de renda, só para citar alguns exemplos. É por isso, que nos últimos anos, mulheres e homens, dos mais diversos setores, vêm promovendo iniciativas corajosas sobre o tema.

No início de 2020, apresentei na Câmara dos Deputados o PL 428/20, que prevê, em todo o território nacional, a distribuição de produtos de higiene menstrual em espaços públicos, como postos de saúde, escolas, presídios e pontos de transporte público, com prioridade para produtos sustentáveis.

Contudo, enquanto o meu projeto não é votado, iniciativas como essa já começaram a prosperar em alguns estados. O Rio de Janeiro aprovou uma lei que incluiu o absorvente como item de cesta básica e o Distrito Federal passou a distribuir esse item em postos de saúde e escolas. Ainda neste mês, o Secretário Estadual de Educação do Maranhão anunciou a distribuição de absorventes nas escolas do seu estado.

No âmbito privado, a Pantys vem fazendo uma contribuição importante ao doar calcinhas e absorventes biodegradáveis para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade. No que diz respeito ao terceiro setor, a Girl Up Brasil vem pressionando estados e municípios a apresentarem e aprovarem projetos sobre o tema, com importantes vitórias, e a Plan International Brasil foi responsável por garantir infraestrutura de saneamento para comunidades do interior do Maranhão, além de investir em projetos de educação menstrual.

Neste 28 de maio, Dia da Higiene Menstrual, nos deparamos com desafios antigos profundamente agravados pela pandemia. No entanto, quando o que está em jogo é a dignidade de mulheres, homens trans e pessoas não binárias que menstruam, não podemos esmorecer. Há espaços de atuação nas mais diferentes esferas para todos que queiram construir um futuro com dignidade menstrual plena, e nós estamos apenas no começo dessa luta.


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