Espelho, espelho meu, por que todo mundo é mais bonita do que eu?

autoestima dos adolescentes

Carolina Delboni é educadora e escritora. Especialista em comportamento adolescente. Colunista do Estadão, atua também como consultora educacional e palestrante em escolas e instituições. É autora do livro Desafios da Adolescência na Contemporaneidade.

Desde que o mundo é mundo, existe um padrão de beleza que tenta se impor. O problema é que a gente sempre se vê fora dele, ainda mais agora com as redes sociais. O espelho passa a ser um inimigo e toda e qualquer pessoa é mais bonita do que a gente mesma.

Autoestima dos adolescentes precisa de atenção

É na adolescência que meninos e meninas começam uma relação mais consciente com a própria imagem refletida no espelho. É nesta fase da vida que a gente começa a ter domínio do que chamamos de autoestima, uma espécie de avaliação subjetiva que a gente faz de si mesma. Uma autoavaliação que carrega uma qualidade positiva que é a da pessoa se valorizar, se achar capaz, se sentir confiante para fazer as coisas e, também, se perceber bonita. São as pessoas que a gente diz ter a autoestima boa.

Mas desde que o mundo é mundo e inventaram expressões como “deus grego” e “corpo de sereia”, é preciso lidar com os reflexos que não condizem à tais imagens. As expressões mudam, os padrões se atualizam, mas existe um eterno não se aceitar. Uma eterna relação conflituosa com a imagem refletida no espelho.

Não é fácil se olhar e se achar bonita, aceitando um nariz supostamente “torto” ou “de batata”, uma pele “cheia” de acne ou espinhas, um corpo mais “redondinho” ou gordo, cabelos encaracolados “demais” ou crespos. Tudo entre aspas porque tudo aqui é relativo – ou subjetivo. Fato é que a lista pode ser interminável e em tempos de redes sociais, em que a exposição é maior e mais constante do que 20/ 30 anos atrás, a relação com a autoestima pode complicar – e muito.

Em abril deste ano, 2023, a marca de higiene pessoal Dove lançou um filme chamado O Custo da Beleza. Nele conta-se a história de uma garota americana que vivia muito bem, obrigada até seus 14 anos quando ganhou de aniversário um celular. Como quase todo adolescente, a menina criou conta nas redes sociais e começou a trocar seu tempo com a tela. E de forma assustadora, mas totalmente real, essa menina começa a desenvolver questões relacionadas a saúde mental.

Ela deixa de sair com as amigas, passa a ficar muito tempo jogada na cama do quarto, constantemente se olha no espelho e se acha feia, passa a fazer dieta, não come mais quase nada porque se acha gorda, até o dia em que ela vai parar no hospital porque desenvolveu um transtorno alimentar: anorexia.

A história real da Dove não é uma história isolada, de uma menina que é exceção. É a história de muitas – muitas – meninas e meninos ao longo da adolescência. Hoje, em 2023, não tem como falarmos de autoestima sem falarmos do impacto das redes sociais na construção e segurança dessa imagem, desse olhar-se no espelho. Como?

No Brasil, a pesquisa Dove Pela Autoestima, realizada pela empresa em dezembro de 2020, revelou que 35% das 503 meninas entrevistadas já se sentiram "menos bonitas" ao verem fotos de influenciadores e celebridades nas redes sociais. A pesquisa também mostra que 84% das jovens brasileiras com 13 anos já aplicaram filtro ou usaram aplicativo para mudar a imagem em fotos.

Como os filtros atrapalham a autoestima?

E o problema dos filtros é que eles projetam padrões inatingíveis. Se os padrões já são inalcançáveis, imagine eles com a possibilidade dos retoques dos filtros? É como se a gente elevasse tudo a uma potência máxima, o que torna o processo de aceitação da própria imagem algo muito mais doloroso e difícil. As redes sociais passam a existir como uma vitrine para corpos “perfeitos”, peles impecáveis e uma vida aparentemente glamourosa, o que faz com que a gente passe a se sentir inadequada.

O resultado de tudo isso é uma distorção da realidade e o que seria algo saudável e natural no processo de adolescer e entrar na juventude, passa a ser penoso e cruel.

É importante lembrar que a luta contra a ditadura da beleza envolve a promoção da diversidade e da inclusão, e a valorização da autoestima e do amor-próprio acima de padrões estéticos impostos pela sociedade.

Como ajudar os adolescentes sobre o uso de redes sociais e filtros?

Conversar com os adolescentes e os jovens sobre como eles se sentem ao se depararem com o universo infinito de imagens e comentários ainda é a melhor saída para enfrentar o problema. Aprender a usar e se relacionar dentro dos ambientes virtuais é fundamental e quando a gente tem consciência do mal que elas podem nos causar, já demos um passo para estabelecer outro tipo de relação com as redes sociais.

A autoestima é um aspecto fundamental para a saúde mental do ser humano e assim como a gente cuida do corpo precisamos cuidar da cabeça e das coisas que ficam cutucando as bordas do nosso cérebro. A equação não é simples, mas é possível. E bonito é ser quem a gente é.


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