equilíbrio com a natureza, desequilíbrio das relações?
Estamos adotando pequenas mudanças de hábitos e buscando evoluir cada dia mais para construir aquele futuro mais sustentável que a gente sempre sonhou. Apesar de ainda termos muuuuito a conquistar para nosso planetinha lindo, é necessário esse reconhecimento de que essa revolução se iniciou sim, caso contrário, a gente se afunda nas notícias negativas e não tem força e nitidez para ver que devemos continuar fazendo o que acreditamos.
Mas, se com a sustentabilidade buscamos uma vivência mais harmônica entre nós e a natureza, então por que é comum nos deixamos levar por sentimentos de competição que trazem desarmonia para nossas relações?
Quando começamos a nos alimentar melhor, buscando a origem dos alimentos, pesquisamos o impacto de uma empresa antes de comprar roupas, compramos cosméticos com componentes naturais e até mesmo quando reduzimos a quantidade de lixo que produzimos, estamos promovendo uma revolução cada vez maior, mas não podemos pensar que isso nos faz melhor que os outros, essa é uma armadilha da mente autocentrada. Apesar de ser tentador, ao termos a ilusão de que somos “mais evoluídos”, estamos nos colocando como seres superiores, e isso é justamente o contrário do que queremos nessa nova era, de mais união e igualdade. Esse julgamento acaba nos isolando, porque criamos uma barreira invisível entre nós e os outros e, quando nos fechamos demais, acabamos perdendo a chance de conversar e evoluir.
Entrar em contato com pontos de vista divergentes contribui tanto para o nosso desenvolvimento individual quanto para uma evolução coletiva, além de nos permitir levar nossas ideias para fora das bolhas sociais que vivemos. Esse movimento abre portas para transitar em diferentes meios, trazendo mais pessoas para perto de nós e das reflexões que consideramos relevantes. Inclusive, quando temos que defender nosso ponto de vista, temos a oportunidade de revisitar vários dos nossos porquês e propósitos que às vezes havíamos até esquecido, e isso acaba sendo muito útil, seja para nos abrirmos para mudar de opinião, seja para termos ainda mais certeza do que defendemos.
Quando escolhemos ter atitudes melhores no mundo, isso vem de algum aprendizado que conquistamos. E como nós aprendemos? De diferentes formas, mas principalmente através da informação, seja uma leitura, uma palestra, um filme, uma amiga. Quando observamos bem, diversas são as fontes, mas o aprendizado sempre se concretiza por meio da transmissão de conhecimento de uma pessoa para outra pessoa (olha que poderoso isso!) alguém escreveu aquele livro, alguém fez aquela pesquisa, alguém te ensinou alguma coisa: assim o mundo evolui, com cooperação. Então, nada mais justo que darmos continuidade a esse ciclo, transmitindo o que sabemos para mais pessoas e expandindo essas informações que foram tão transformadoras para nós, né? Existe também uma outra forma definitiva de aprender: na pele. Muitas vezes (muitas mesmo) precisamos experienciar e fracassar para então mudarmos de vez. Alguém pode até ter nos contado, mas precisamos comprovar, testar possibilidades e então fazer aquilo que nos ensina para sempre: errar.
Observando todo esses processos de aprendizado até atingirmos alguma mudança, fica claro que não adianta querermos impor nossas crenças para alguém do dia para a noite. Fora isso, o aprendizado pode vir primeiro e a mudança de atitude só depois, com o tempo. Muitas vezes uma informação que nos toca, pode não fazer o mínimo sentido para a outra pessoa, e tudo bem, afinal, quando aceitamos alguma verdade, é porque ela está alinhada com nossa essência, nossos valores e também nosso momento de vida.
Toda mudança exige um esforço, para alguns mais, para outros menos - de todo modo é necessário ser sensível e sempre se questionar: a pessoa com quem estou dialogando teve as mesmas oportunidades que eu? Será que ela contribui de formas que não estou enxergando? Muitas vezes aquela prática exige um grande esforço emocional que, naquele momento da vida, a pessoa pode não se sentir pronta para fazer. Devemos respeitar as condições de cada uma, estamos percorrendo nossa jornada e não podemos nem imaginar a bagagem que a outra carrega.
Esse julgamento se manifesta, por exemplo, quando adotamos um novo hábito alimentar e passamos a rejeitar quem se alimenta diferente, nesse momento devemos exercer nossa empatia e lembrar que já fomos aquela pessoa e tivemos nosso próprio processo. Quando experimentamos colocar em prática as atitudes que consideramos positivas ao desenvolvimento do nosso organismo interno e do planeta e, inspiramos as pessoas que estão ao redor a fazerem o que considerarem positivo também, sem a pretensão de mudar as pessoas ou o mundo. Conseguir mudar a si mesmo já é um baita desafio!
O consumo de moda é uma das coisas que mais vem se transformando, muitas de nós estão aderindo um consumo mais consciente e isso é maravilhooooso. Brechós, reformas de roupas, eventos de trocas, ressignificação de peças e do que poderia virar lixo, muitas são as opções inclusivas da moda - ótimos pontos para começar um papo leve sobre isso com a amiga, não é mesmo?
Claro, temos que ter a sabedoria de nos preservar também, muitas vezes não vale a pena, seja sentirmos que a pessoa não está aberta no momento ou porque aquilo é um valor muito profundo nosso, o qual você ainda não conseguimos ser flexível, e tudo bem! É essencial reconhecermos esses momentos/pessoas/relações para não nos desgastarmos, maaaaas a maioria das pessoas são com nós, seres humanos dispostos a conversar e repensar suas opiniões diante argumentos colocados com respeito. Então vamos nos conectar?
A escuta é um grande passo para o estabelecimento de um vínculo genuíno, ouvir prestando atenção na história daquela pessoa em vez de ficar pensando na próxima coisa que vamos falar, sabe? É um exercício e tanto. E, por mais que nossos ideais sejam claros e coerentes para nós, devemos também nos preparar para o fato de que as pessoas podem não concordar, assim é a vida.
Atitudes positivas são transformadoras, cada pessoa tem seu próprio ritmo de evolução/desenvolvimento e precisamos respeitá-lo, assim caminhamos para uma sociedade mais amiga, próspera, em que o conhecimento é transmitido para fora das bolhas e as trocas são cada vez mais frequentes. Vamos continuar construindo um universo mais sustentável de acordo com as possibilidades e vontades que estão ao nosso alcance, valorizando cada pequeno passo nosso e dos outros. A revolução individual é sempre também uma revolução coletiva. Vamos seguir juntas, acolhendo quem pensa diferente?
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