ciúme: o que ele diz sobre nós?
De acordo com o dicionário Michaelis, ciúme é o sentimento negativo provocado por receio ou suspeita de que a pessoa amada dedique seu interesse e/ ou afeto a outrem. Pode ser, ainda, medo de perder algo ou o sentimento negativo em que se mesclam ódio e desgosto, provocado pela felicidade ou situação favorável de outra pessoa.
Todo mundo, em certa medida, já sentiu na pele o frisson do ciúme. Alguns mais, outros menos, mas é certo que a maioria de nós já experimentou a sensação. Basta que olhemos para toda a sorte de produção literária, cinematográfica e musical pra ver quanta gente há enciumada por aí!
Mas não é porque é costumeiro que significa que seja bom, né? O ciúme, aliás, é um afeto desequilibrante nas relações contemporâneas e que, quando não bem controlado, pode evoluir, inclusive, para ações violentas — você já deve ter lido alguma manchete machista por aí falando em crime passional, quando deveria, na verdade, referir-se à feminicídio.
tipos de ciúme
Para Freud, pai da psicanálise, havia três tipos de ciúme: o normal ou competitivo, o projetado e o delirante. No primeiro, a pessoa experimenta a dor narcísica da perda de um objeto, oscilando entre luto e sensação de abandono, e consegue elaborar, de forma lúcida, o que está passando. Já no ciúme projetado, o indivíduo sente o desejo de trair e, por isso, acredita que o outro também sinta. A projeção, então, oferece um alívio da culpa pela infidelidade, mesmo que só no imaginário. Por último, o delirante. Nesse caso, o ciúme dificulta uma relação de amor autêntica porque a pessoa está tão focada em suas próprias emoções que é incapaz de viver a realidade que se apresenta.
Talvez você já tenha experimentado mais de um desses tipos ou, certamente, conhece alguém que já esteve em algum desses lugares. A verdade é que não recebemos educação socioemocional. Poucas de nós fomos sensibilizadas, desde crianças, para aprender a identificar, nomear e lidar com as emoções. E é por isso que, agora, jovens e adultas, é imprescindível que façamos esse caminho de autoconhecimento. Sessões de terapia ou análise são buscas positivas nesse sentido. Ter ajuda de quem sabe como nos guiar no processo é maravilhoso. Boas leituras e palestras também podem ser ótimos auxiliares na trajetória. Por aqui, separamos alguns conteúdos que podem ser benéficos nessa jornada de identificar quando o ciúme pinta — e o que fazer a partir de então.
indicações
Mon roi - Filme
O filme francês mostra a protagonista Tony e sua relação conturbada e destruidora com Georgio. Mesclada por cenas fortíssimas de ciúme, a produção traz o desfecho de um relacionamento em que a desconfiança e a posse são estruturais e mostra, sem rodeios, o que se perde com tudo isso.
Como sentir ciúme e ser generoso ao mesmo tempo - TEDxSãoPaulo
Bateu o ciúme no trabalho? O TEDxSãoPaulo de Mila Motomura pode ajudar. Ao ensinar técnicas de facilitação gráfica, a psicóloga formou alunos e, consequentemente, concorrentes. Na palestra, ela conta como conseguiu lidar com emoções conflitantes e como o dilema sobre continuar ou não ensinando fez com que enfrentasse seus medos de criança, acolhesse sua essência e entendesse que a dimensão individual tem um impacto gigante no coletivo.
Regina Navarro Lins
A psicanalista e escritora é referência quando o assunto é novas formas de amar. Seu blog tem textos incríveis sobre todo tipo de assunto que envolve os afetos. Em seu Instagram, também compartilha excelentes achados para quem quer começar a sentir e se relacionar de um jeito mais livre ou, pelo menos, sem tantas amarras. Vale o follow!
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