amamentação em público: ainda um tabu?

O peito da mulher sempre foi sexualizado? Por que homens podem mostrar os mamilos e nós não? Por que especificamente os mamilos são proibidos, se eles são iguais aos dos homens, o volume que pode ser diferente? Por que na antiguidade era permitido e nas redes sociais é censurado?

É no peito que abrigamos nosso coração, nosso amor. O peito abriga, queima e até nutre um outro ser humano. Apesar de toda essa força, é uma parte do corpo que não tem muito contato com o ar, com o mundo, que nos foi ensinado a travar e bloquear, apertar e remodelar. “Esconde isso!”, se mostra um pouco, é porque deve estar querendo oferecer algo para alguém. Grande demais, pequeno demais (Brasil em segundo no ranking de cirurgia plástica). Mas amigas, que loucura! Essa é uma parte do nosso corpo e está aqui para viver e ser livre. Hoje vamos entender melhor toda essa história não só polêmica, mas atrasadíssima sobre nossos mamilos.

Você sabia que em algumas tribos indígenas e africanas os seios femininos são vistos com mais naturalidade? No livro “All about breasts”, Carollyn Latteier conta sobre essa diferença cultural: “Entrevistei uma jovem antropóloga trabalhando com mulheres em Mali, um país da África onde as mulheres andam com os seios nus. Estão sempre amamentando seus bebês. E quando ela lhes contou que em nossa cultura os homens são fascinados com seios, houve um instante de choque. As mulheres caíram na gargalhada. Gargalharam tanto que caíram no chão. ‘Quer dizer que os homens agem como bebês?’, disseram”. Na nossa cultura, por uma grande influência religiosa européia, associamos o corpo ao pecado, principalmente o feminino, e por isso deve ser proibido.  Mas vejam só, nessas culturas o corpo está conectado à natureza, não ao pecado, o corpo é natural e por isso o seio é natural - tudo faz sentido, né?

Mas e as estátuas gregas com seios à mostra, como foi que essa história mudou e regredimos?  Alguns historiadores acreditam que isso aconteceu com a mudança do papel da mulher que aconteceu depois da antiga Atenas se tornar uma sociedade patriarcal. As mulheres, que antes poderiam exibir o seio (como status de fertilidade), começaram a ocupar um papel de domínio dos pais e maridos, começaram então a escondê-los, já que haviam se tornado uma “propriedade” de algum homem.

Tanto as tribos africanas quanto o patriarcado de Atenas deixam claro como houve uma construção em cima da sexualização dos seios femininos, que não é algo “simplesmente óbvio”. Não estamos dizendo que nossos seios não são fonte de prazer, assim como várias outras partes do corpo (apesar da fixação super limitante de prazer que vivemos do peito, vulva e pênis, mas isso é assunto pra outra conversa). O importante é enxergarmos que os mamilos masculinos também são fonte de prazer e isso nos leva a um fato interessantíssimo:   sabia que em 1900 os homens protestaram e conquistaram o direito de exibir os mamilos? Pois é, eles eram proibidos também, só em 1936 começaram a poder sair por aí sem camisa.  Então assim, ainda podemos virar esse jogo e naturalizar nosso corpo sim!

Quando dizemos a uma criança que ela deve usar a parte de cima do biquíni ou que não pode ficar sem camisa como seus coleguinhas, estamos iniciando um processo de autoconsciência do corpo e dos perigos na cabeça de uma criança, que reverberam em toda a vida, enquanto, por outro lado, os meninos são incentivados a tirarem a camisa sem ter medo ou acharem que estão ofendendo alguém. Claro, a erotização e a violência existem, mas quão violento é também esse pedido de esconder e de mostrar que ela ofende, só de estar ali com seu corpo à mostra?

Sabia que até pouco tempo atrás o Instagram bania fotos de mulheres amamentando?   Isso mesmo, postar esse ato de amor puro violava as regras da plataforma e a conquista foi mérito do movimento #freethenipple. No dia 2 de junho deste ano houve outro grande protesto/instalação em frente ao escritório do Facebook em Nova Iorque, em que os participantes carregavam cartazes gigantes com fotos de mamilos, pedindo a flexibilização das políticas contra nudez, artistas defendiam que isso restringe a produção e divulgação artística online, o protesto reuniu uma centena de pessoas e foi batizado de #wethenipple (#nósosmamilos, em tradução livre).

A questão não é “só botar um paninho”, é o que isso significa/representa - se a mulher não tampa, ela não está se dando ao respeito? E a criança, é obrigada a se amamentar ali no escuro? Já pensou quantas coisas essa mãe passa?, Que coisa incrível que ela tenha a disponibilidade de alimentar o filho que tem fome, leite materno é uma das maiores magias animais do nosso corpo. Exigem demais dessa mulher que botou um serzinho no mundo, é dedicação integral, cansaço, muita coisa nesse processo todo rolando.

A nudez feminina sempre é retratada com uma conotação erótica e isso é completamente aceito, mas se os seios estão à mostra para amamentar um outro ser humano é“inaceitável”. Não queremos ser conspiratórias, mas parece que quando o corpo feminino está disponível para outras coisas que não o prazer masculino, isso causa estranheza e “ofende”. Em diversos restaurantes encontramos mulheres amamentando dentro de banheiros, já pensou que esse ambiente não é nem mesmo seguro higienicamente para isso? Como pode não ser natural o ato de uma mãe estar transbordando amor e perpetuando a espécie humana com seu leite?

Uma mãe vive muitos momentos de luta solitária, quanto pela responsabilidade e medo que é manter um outro ser humano que depende de você, quanto para amamentar e ainda conciliar essa disponibilidade integral com toda uma vida. Amamentar é transbordar amor, é permitir que a nossa espécie se perpetue. Não há nada mais natural que dar amor e vida, em casa, em público e onde ela quiser. Então vamos acolher essa mãe em vez de isolá-la do nosso convívio, vamos ter compaixão e respeito por quem está multiplicando a vida! <3


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