A luta climática tem rosto de mulher
Oi minhas gatas garouuutas da Pantys :)
Tenho novidades bem babadeiras: estou em Dubai, participando da 28ª Conferência de Mudanças Climáticas da ONU. Mas antes que comece as frases: “que chiiique”, “tá muito ryca” ou “ahaza nas comprinhas”, quero lembrar que sou ativista e atuo contra todo esses tchurururu de apelo ao capitalismo.
A real é que ter uma conferência sobre o meio ambiente na cidade do petróleo é o ápice das incongruências, irresponsabilidades e barbaridades. É nítido ver os interesses econômicos do presidente da COP e CEO da companhia nacional de petróleo da Arábia Saudita, o Dr. Sultão Al Jaber, que teve a ousadia de dizer que “não há evidências científicas que comprovem a crise climática”.
É, lindeza climática, isso é o símbolo de um sistema que gryyyta nas nossas faces e faz prevalecer os interesses dos mais poderosos no cenário global, ou seja, a turminha que não abre mão do uso de combustíveis fósseis como base de suas economias: estamos falando do gás, do carvão e do petróleo.
Seria muita inocência acreditar que todos os países estão mega engajados em desenvolver uma sociedade de baixo carbono. É preciso lembrar que antes de um encontro ambiental internacional, a COP é uma agenda de importância geopolítica e econômica, na qual há um interesse na busca por soberania. O Brasil tem uma posição histórica de liderar a partir de consenso, mas o maior interesse é criar uma boa posição dentro do sistema das Nações Unidas e entre aqueles países que considera como “aliados”. Não podemos esquecer que o fato de Lula estar na presidência do G20 e se candidatar a sediar a COP 30, mostra o desejo de reposicionar nossa nação como uma liderança ambiental global.
Massssss, nosso presidente se alinhou a OPEP+, grupo de observadores e pitaqueiros na Organização dos Países Exportadores de Petróleo.
Não disse que essa está sendo a COP das controvérsias e contradições??? Esse meme resume meus sentimentos nos últimos dias:
Como mulher preta e de quebrada, entendo que é importante participar desses movimentos e lutar pelo mundo que acredito. Mas eu só posso fazer isso porque não faço o corre sozinha. Eu tenho muitooooo apoio, principalmente de mulheres mais experientes que estão na luta há muito mais tempo que eu.
Mulheres estão sempre se acolhendo, fortalecendo e apoiando. Nessa conferência, 61% da delegação foi composta por mulheres, totalizando um total de 1464 de todos os nossos delegados. A pauta de gênero e clima chegou com força, mas no meu entendimento, ainda há muito o que ser feito. Precisamos questionar: quantas dessas mulheres são negras? Quantas são atingidas por eventos climáticos extremos como chuvas, alagamentos e enchentes?
É minha querida leitora, esse papo tem muitas camadas!
Apesar de termos muitas mulheres na conferências, são poucas as que estão com o controle dos dinheiros. De acordo com Sima Sami, diretora executiva da ONU Mulheres Global, nem 1% dos financiamentos “verdes” são voltados para iniciativas que priorizam as mulheres/igualdade de gênero. E não dá para a gente falar de transformação, sem falar de grana né?
São muitos e muitoooos desafios, mas estou comprometida com uma luta climática feminina e antirracista. É uma luta de formiguinha, de processo lento e de inúmeras articulações. Mas para mim é como se fosse uma missão de vida, sabe?
Luto para construir o mundo que gostaria de viver <3
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